sábado, 20 de junho de 2009

Carta a uma amiga sobre um possível povo primitivo

Eu ontem te chamei pra contar as histórias que ouvi no interior...
São histórias simples e legais, falam de crença e humildade, mostram a fé, mostram a felicidade no rosto de quem acorda as 5 da manha pra cuidar da roça. E olha que as roças são grandes, lá ainda se plante e colhe sem agrotóxicos.
Ô moça, pode crer, do outro lado do rio ainda se acredita no fé do irmão... e na experiência dos velinhos. Ainda se pode ver os animais junto a natureza e os homens de pés descalços cantando e entoando belas canções, vivendo fortes e sadios com trabalhos dignos e honestos.
Seria um povo primitivo? Que não liga para a moda, para produtos embalados, geneticamente modificados, para enlatados e industrializados?
Sem vídeos games, carros zero e celulares com mil e uma funções, agendas lotadas, transito caótico e uma correria geral?
Não sei! Mas e constatei que lá se vive bem. Lá as pessoas são sadias, e nem precisam de terapeutas ou psicólogos.
Descobri que nem sabem o que é depressão.
Será um povo primitivo? Não sei. Mas percebi que lá as crianças possuem hábitos deferentes, não são tão alienadas e nem passam horas na frente da TV ou computador comendo jujubas, doces, milk shaks, salgadinhos, refrigerantes e sucos artificiais. E pelo fato de não terem esses hábitos, também não engordam com tanta facilidade, também não dormem tão tarde e nem vivem criando novas gírias, e assassinando as tradições.
Ao contrário disso tudo, lá as crianças costumam ajudar os pais na lida com a casa e com a roça. Se divertem pulando na água, jogando futebol, mesmo que a bola seja um papel amassado ou cocos. E gostam de estudar, mesmo que tenham que acordar s 5 da manha, pegar um motorzinho de rabeta e passar mais 1 ou 2 horas navegando no rio até chegar na escolinha da comunidade e ver o sorriso da professora e dos coleguinhas e aprender a alegria da escrita e da leitura. Ví que as crianças gostam muito de ler, e são o orgulho da família, lêem de tudo, até a receita de remédio do avo ou da avó.
Lá as crianças falam a mesma linguagem dos pais e avós, e também das pessoas mais idosas, não costumam usar gírias. Percebi um enorme respeito nas famílias. Lá, a família ainda possui o primitivo hábito de fazer as refeições com todos juntos à mesa, e todos agradecem pelo alimento do dia. Lá redescobri como é bom ouvir um “obrigado meu Deus! “ após as refeições.
Bom, ainda não sei se o que vi foi um povo primitivo, mas o tempo quem sabe dirá.
Ah, Tem mais, lá não existem prédios e muito menos muros, lá eles vivem livres e juntos, em paz com a natureza, e ainda cantam belíssimas canções, que privilégio.
Deve ser um povo primitivo. Muito diferentes de nós aqui na cidade.

Claudioney Guimarães.
Manaus/AM

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